Falando de amor nos tempos modernos
O ritmo da vida moderna é acelerado. Tudo acontece com rapidez e intensidade impressionantes e somos demandados a viver, pensar e também a sentir na mesma freqüência em que consumimos. Somos convidados a emoções fortes em uma intensidade que pode se tornar insuportável, se mantida por um longo período de tempo. É a cultura do consumismo, onde adquirimos e jogamos fora nossos gadgets, nossas roupas, nossos artigos tecnológicos, sempre com o imperativo de renovação. Tudo se torna obsoleto muito antes do esperado. Todas as coisas prometem prazer imediato, mas sempre sobra um vazio. Nunca se obtém o esperado, sempre falta algo, sempre resta algo a mais para ser conquistado. Ao adquirirmos algo, o modelo mais recente, ou potente, já foi lançado.
Convém perguntar se relacionamentos estáveis e duradouros se tornaram obsoletos ou artigos de luxo. Estão entre o vintage e o must have. Peças de museu ou ícones de sucesso, são peças descartadas ou inalcançáveis. A imagem do Ideal. A convivência traz questões e conseqüências que nunca são cogitadas no ato da busca. É um buscar desenfreado. O que se busca?
De alguma forma que não podemos ainda precisar, a intimidade das pessoas foi contaminada com esse modo vida. Espera-se um prazer imediato e irrestrito dos encontros amorosos, que se tornam descartáveis ao menor sinal de rotina. Todos querem novidade o tempo todo. Todos buscam uma intensidade que se torna insuportável com o decorrer do tempo. A intimidade se tornou penosa e tediosa, se analisada do ponto de vista da adrenalina. Perdidos no frenesi do eterno começo, as pessoas sempre acreditam que encontrarão a perfeição na próxima tentativa. Buscam algo que nunca encontrarão, tentam sem conseguir. Vivem de ilusão.
Bárbara Snizek